Homofobia: um dos suspeitos de dar 22 facadas em jovem é preso

Investigadores da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) prenderam um homem suspeito de esfaquear o estudante de odontologia Felipe Augusto Correia Milanez, 23 anos.  Os investigadores seguem os trabalhos para deter os demais envolvidos. Vítima de homofobia, o jovem foi esfaqueado 22 vezes na Rua do Lago, em Brazlândia.

De acordo com a Polícia Civil do DF (PCDF), Gustavo de Sousa Marreiro, 19 anos, foi preso, suspeito de ser um dos participantes do grupo. Os policiais procuram Jean Lima da Silva, 20, e Rickelmy Martins Batista de Carvalho, 18. Os dois foragidos também teriam agredido Felipe, na madrugada do dia 7 de outubro. A Delegacia da Criança e do Adolescente II (Ceilândia) está atrás dos menores que supostamente estiveram envolvidos.

As diligências, chefiadas pelo delegado Anderson Cavichioli, em busca dos envolvidos começaram logo no dia do ataque. A conversa com a vítima, no entanto, demorou por causa do estado de saúde do jovem. Gustavo foi preso nesta sexta-feira (08/11/2019), em cumprimento de mandado de prisão preventiva solicitado pela 18ª DP.

A PCDF disponibiliza dos seguintes meios para recebimento de denúncias:

  • O Disque-Denúncia, telefone 197 – ligação gratuita – 24 horas; O e-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br; WhatsApp (61) 98626-1197
  • O Denúncia On-line: https://ift.tt/2CruN2l
  • Não é necessário se identificar. O sigilo é absoluto.

Veja imagens do suspeito preso e dos foragidos:

Momentos de terror

O caso ocorreu na madrugada de 7 de outubro. O jovem estava em um evento beneficente e saiu do local por volta das 19h30. De lá, foi encontrar as primas em uma festa próxima às margens do Lago Veredinha. “Elas ficaram comigo até por volta de meia-noite e foram embora. Acabei ficando sozinho por um tempo, mas encontrei um amigo”, relata.

Às 2h, Felipe decidiu ir para outro lugar em Brazlândia, na companhia do colega. O amigo estava com um cavalo amarrado no fim da rua. Assim, eles precisaram buscar o animal. “Foi no momento que caminhávamos que chegaram três homens e começaram a me xingar de coisas horríveis”, lembra.

A reação do jovem foi apenas se virar e dizer que não queria confusão. Os três, no entanto, insistiram. “Um deles perguntou se eu sabia com quem eu estava falando. Disse que não e dei as costas mais uma vez. Então, recebi a primeira facada na cabeça”, conta.

A partir daí, uma grande briga se iniciou. O estudante de odontologia revidou com um soco, mas os outros dois agressores o seguraram contra a parede e tentaram sufocá-lo. Felipe caiu no chão e viu cada vez mais homens se aproximando para continuar o ataque. Com apenas uma faca, mais de 15 jovens se revezavam nas perfurações, aos gritos de “menos um viado no mundo”.

Apesar de haver várias pessoas olhando, ninguém tentou ajudá-lo. A saída que Felipe encontrou foi rastejar para dentro de um veículo que estava com a porta aberta, enquanto recebia pauladas e chutes. “Quando entrei no carro, vi que tinha uma mãe com o bebê dentro. Não achei que seria justo pôr em risco a vida de outras pessoas e saí”, explica.

Sangue

Ao cair de volta na rua, uma conhecida de Felipe se jogou nas costas dele para fazer com que o espancamento parasse. “Eu ainda não tinha muita dimensão do que estava acontecendo. Só sangrava muito. Ela me levantou, me colocou de volta no mesmo carro e fechou a porta. Fiquei meio preso ao lado da cadeirinha do bebê.”

Mesmo assim, um dos agressores deu a volta e abriu a porta do outro lado, desferindo um golpe no peito de Felipe. Enquanto isso, os outros homens tentavam levá-lo para fora do veículo. Em um dado momento, o puxaram pelo cabelo.

“Foi tão forte que imaginei que meu pescoço quebraria. Como não conseguiram me tirar do carro, começaram a cortar meu cabelo com a própria faca”. Até o dia da tentativa de homicídio, ele usava cabelo comprido.

Nesse meio tempo, o dono do carro tentava fugir para o Hospital Regional de Brazlândia (HRBraz), mas não conseguia dar a partida no veículo, que só ligou após um tempo. Chegando à unidade de saúde, Felipe foi internado e só saiu oito dias depois. Ele teve que ficar em uma sala escondida, pois os agressores tentaram entrar no hospital “para terminar o serviço”.

“Eu vi a morte”

Felipe não conhecia nenhum dos agressores e atribui o fato exclusivamente ao ódio por alguém que possui orientação sexual diferente. “Nada justifica o que fizeram comigo. É homofobia. Homofobia mata. Eu vi a morte na minha frente”, conta.

Desde que saiu do HRBraz, no dia 15 de outubro, a vida dele precisou mudar completamente. Só sai da residência para visitar uma tia, que fica a 50 metros de distância, e não encontra com mais ninguém. “Eu que estou preso. Além de sofrer com a violência, não posso mais sair de casa e meu medo não me deixa fazer mais nada.”

Os próximos passos da vida, ele ainda não sabe como dar. “A recuperação física está acontecendo, mas o psicológico é que sabota. Outro dia, meu primo chamou meu nome e tomei um susto, achando que poderia ser algum dos agressores”, explica.

Quem também sofre é a mãe, Jamile Correia, 49. Desempregada, ela lembra que perdeu a voz quando recebeu a notícia de que o filho estava no hospital. “Não acreditava. Fiquei sem conseguir falar por muito tempo. Quando toquei nele, estava gelado. Estar vivo é um milagre de Deus”.

A partir de agora, Jamile afirma que lutará para que o acontecimento com o filho não saia impune. “A orientação do meu filho não interfere no caráter dele. Fiquei os oito dias no hospital com ele e vou até o julgamento para ver todos os culpados. Minha luta será contra a homofobia”, finaliza.

Mudança

Com a ajuda do deputado distrital Eduardo Pedrosa (PTC), que pagou as passagens, Felipe se mudará do Distrito Federal. Comovido com a história, o parlamentar levou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que também proveu amparo à família.

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