As inovações tecnológicas agregadas às lentes de contato gelatinosas nas últimas duas décadas as tornaram mais populares do que costumavam ser. E agora, com a chegada do verão, muita gente recorre a elas para ter um descanso dos óculos.
São produtos que facilitam a prática de atividades ao ar livre, além de evitarem os óculos embaçados por causa da máscara.
Mas quem está interessado em investir nas lentes não deve simplesmente comprá-las sem orientação médica. Esta é a primeira regra de um guia que o R7 preparou para você evitar decepções com esse tipo de produto.
Embora praticamente todas as pessoas que usem óculos estejam aptas a usar lentes de contato, não se deve utilizar a mesma prescrição para comprar qualquer tipo de lente.
O caminho a ser seguido é: consultar um oftalmologista e relatar a vontade de usar lentes.
Além de entender para quais situações o paciente quer fazer uso das lentes, o especialista vai testar alguns tipos, de acordo com o problema de visão do paciente e tempo de descarte do produto.
A oftalmologista Débora Espada Sivuchin, gerente de educação profissional da Johnson&Johnson Vision no Brasil, acrescenta que sempre "vai existir uma lente de contato ideal para cada pessoa", sendo as gelatinosas as mais comuns.
"Lentes para todos os graus existem. Então, [tem para] miopia, hipermetropia, astigmatismo, presbiopia, que é a vista cansada. [...] Tem lentes multifocais. O que vai ajustar, além do grau, é a necessidade de cada paciente. Por exemplo, uma pessoa que usa lente eventualmente, para uma festa, para alguma atividade, pode escolher uma lente de descarte diário."
As lentes rígidas (feitas de acrílico) possuem um excelente papel na correção visual, mas precisam de mais tempo para que os pacientes se adaptem. Com as lentes gelatinosas, esse processo é facilitado.
Elas são feitas de um material chamado silicone hidrogel, que as torna maleáveis e garante uma lubrificação natural da córnea e a entrada adequada de oxigênio durante o uso.
As lentes comercializadas hoje possuem tecnologias como proteção contra raios ultravioleta e luz azul, essa última emitida pelas telas de aparelhos eletrônicos usados no dia a dia, como celulares e monitores, mas também pelo próprio Sol. A falta de um bloqueio adequado pode levar a problemas no fundo do olho e na retina.
Observar o tempo de uso das lentes de contato é fundamental na hora de escolhê-las. Há modelos de descarte diário, semanal, quinzenal, mensal, semestral e até anual.
Para algumas pessoas, o custo de adquirir lentes novas a cada mês pode ser um fator impeditivo se o uso for diário. Por isso, a adaptação de vários tipos de lentes é imprescindível.
Débora esclarece que as lentes de descarte diário oferecem mais conforto e menor risco de problemas decorrentes do mau uso (leia abaixo).
"As pessoas têm a ideia de que lente de descarte diário é para quem usa pouco. Hoje em dia, a oftalmologia aceita lente de descarte diário como primeira opção para todo mundo. [...] Algumas pessoas, em razão do preço ou do hábito, preferem ainda as lentes de troca programada. Elas ainda são boas, mas, quanto mais rápido for o descarte, melhor."
Na prática, uma lente de descarte semanal sempre vai oferecer mais conforto do que uma semestral, por exemplo.
Mesmo que manipuladas e higienizadas adequadamente, as lentes com um prazo maior de uso acumulam gorduras e proteínas que as tornam incômodas após algum tempo — e ainda mais se o período recomendado na embalagem for esticado.
Por ser um produto que fica em contato permanente com a estrutura do olho, as lentes de contato exigem uma rotina de cuidados a fim de evitar infecções ou lesões.
Débora elenca alguns hábitos que precisam ser mantidos, principalmente com lentes reutilizáveis:
• sempre manipular as lentes com as mãos lavadas e secas, preferencialmente com papel-toalha;
• evitar o contato das lentes com água, pois pode haver contaminação por protozoários;
• higienizar as lentes reutilizáveis com solução multiúso específica e trocar o estojo periodicamente;
• descartar as lentes no prazo indicado pelo fabricante, a contar do momento em que o blister é aberto; e
• evitar dormir com as lentes — existem modelos específicos que permitem dormir, mas a oftalmologista pondera que isso só deve acontecer em situações de excepcionalidade, quando a manipulação da lente não pode ocorrer da maneira certa.
Deixar de seguir as orientações acima pode levar ao surgimento de infecções ou lesões oculares.
"A lente, se bem usada, é uma ótima aliada para correção visual com independência dos olhos. Mas é um produto que encosta no seu corpo e, com isso, você tem que ter cuidados, principalmente de higiene e hábitos, para que isso não te prejudique", lembra a oftalmologista.
Os problemas mais frequentes são irritações nos olhos. Uma vez que a pessoa retira as lentes e passa um período sem usá-las, essas irritações acabam solucionadas.
Porém, algumas infecções chegam a causar cicatrizes capazes de prejudicar a visão para o resto da vida, embora estas sejam menos frequentes.
Um dos patógenos responsáveis pelas infecções oculares mais sérias em pessoas que usam lentes de contato é o Acanthamoeba, presente na água.
"Quando você quer usar lente, você quer enxergar bem. Isso é o.k. Mas todo mundo quer conforto quando usa lente. E o oftalmologista quer que você que tem um olho saudável, ao usar lente, continue com esse olho saudável", salienta a médica.
As lentes de contato podem ser ótimas aliadas nesta época do ano. Mas é preciso estar atento aos locais onde você vai utilizá-las.
Praia e piscina são ambientes onde existe o risco de contaminação da lente pela água. Por essa razão, Débora sugere que o paciente discuta o caso com o médico para colocar na balança os prós e os contras.
"Tem pessoas com graus de miopia ou astigmatismo que não permitem que elas andem sem óculos. Uma vez que a pessoa vai usar a lente, mesmo não sendo ideal, ela vai consultar o oftalmologista e ouvir a recomendação dele. Pode ser que haja orientação de lentes de descarte diário: saiu da praia ou da piscina, joga a lente fora."
Outra queixa comum de quem usa lentes é o ressecamento dos olhos em ambientes com baixa umidade do ar. No verão, é comum que passemos mais tempo em ambientes com ar condicionado, por exemplo.
A maioria das lentes vendidas hoje oferecem a manutenção da lubrificação natural dos olhos.
"Porém, é muito comum você sair de um consultório oftalmológico onde você adaptou lentes de contato com a prescrição de colírios lubrificantes que vão te ajudar. São as chamadas lágrimas artificiais", acrescenta a oftalmologista.
Há quem recorra a lentes de contato estéticas para mudar a cor dos olhos em ocasiões específicas.
Débora afirma que não há indicação médica para esse tipo de produto. Por possuírem um pigmento, esses produtos oferecem menor passagem de oxigênio para a córnea do que as lentes corretivas.
Ainda que sem grau, o oftalmologista deve ser consultado sempre que houver interesse nesse tipo de lente.
E os cuidados precisam ser os mesmos da lente de grau, ressalta a especialista.
"Elas também têm prazo de descarte. As lentes coloridas não devem ser emprestadas para a minha irmã, para a minha prima, para a minha sobrinha... São para uma única pessoa, não devem ser compartilhadas."
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