O número de famílias monitoradas devido a suspeitas ou casos confirmados de Covid-19 na cidade de Extrema, a 493 km de Belo Horizonte, subiu 28 vezes nos últimos 10 dias. A informação foi revelada ao R7 pelo médico Enis Donizetti Silva, coordenador do Comitê Municipal de Enfrentamento à Pandemia.
"Estamos saindo de aproximadamente seis famílias por semana para 170. É uma situação brutal. Isso nós vimos no pico [da pandemia], lá trás", destaca o especialista. O médico completa dizendo que oito em cada 10 destes registros já têm resultado positivo para a doença causada pelo coronavírus.
Na avaliação de Silva, o “boom” de contaminações pode estar relacionado à chegada da variante Ômicron. Nesta semana, a prefeitura confirmou que 23 moradores foram diagnosticados com a cepa após participarem da festa de confraternização da empresa onde trabalham. Outros 14 casos são investigados. Até o momento, esta é a cidade com mais notificações confirmadas em todo Estado.
Para o coordenador do comitê, a posição geográfica de Extrema e o número de empresas que o município abriga viabilizam a circulação dos vírus por lá. "É importante lembrar que Extrema está na entrada de Minas Gerais e é o grande portão de entrada de São Paulo, onde circulam milhares de pessoas e caminhões. É um local de alto trânsito", explica.
"A cidade de São Paulo, há três semanas, tinha uma taxa de presença da Ômicron em menos de 1% dos casos positivos. Agora, temos a informação de que esse número chegou a 10% ou 12%. É um aumento de quase 15 vezes", comenta o especialista.
Apesar do salto nas notificações, Silva observa que ainda não houve impacto na demanda hospitalar e, consequentemente, no volume de mortes na cidade de Extrema. O médico exemplifica indicando que, caso as internações tivessem aumentado no mesmo ritmo das contaminações, a cidade teria hoje 200 hospitalizações a cada 1.000 pacientes que procuram os hospitais - o que, segundo ele, levaria o sistema a um colapso.
"Mas isto não está se refletindo. A vacina protege o doente da internação hospitalar, protege do aumento da mortalidade e da intubação. Então estamos tendo um número significativo de casos, mas isto não está se refletindo no nosso sistema de saúde", detalha.
Segundo o representante da prefeitura, aproximadamente 96,5% da população do município recebeu a primeira dose do medicamento contra a covid-19. A segunda foi aplicada em 92%, enquanto 50% já recebeu o terceiro reforço. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cidade tem aproximadamente 36.951 habitantes.
Enfrentamento
Mesmo sem registrar impacto no sistema de saúde, a Prefeitura de Extrema diz que adota uma série de medidas para conter o avanço da pandemia. Enis Donizetti Silva explica que pacientes com doenças crônicas e que têm condições de serem retirados da internação, estão sendo desospitalizados para evitar-se eventual falta de vagas.
O poder público também reforçou a distribuição de máscaras cirúrgicas e N95 que ocorre desde o início da pandemia. Apenas do segundo modelo, houve a entrega de quase 70 mil unidades. A campanha de imunização também foi fortalecida com ações de divulgação e conscientização da população e a abertura de unidades de vacinação 24 horas.
A reportagem procurou o Governo de Minas para comentar sobre a situação da cidade de Extrema e aguarda retorno.
Ômicron em Minas Gerais
Oficialmente, a SES-MG (Secretaria de Saúde de Minas Gerais) contabiliza 32 casos da variante Ômicron no Estado. O governo diz que, até o momento, só foi notificado formalmente sobre 19 casos Extrema, 11 em Belo Horizonte, 1 em Maria da Fé e 1 em Três Pontas, além de monitorar outros 16 suspeitos.
A contagem não leva em consideração quatro registros de Extrema e três que já foram confirmados pela prefeitura de Lavras, a 237 km de Belo Horizonte. Nesta última cidade, os pacientes foram diagnosticados após retornarem de uma viagem entre família e amigos a Cancún, no México.
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