Maioria do Supremo apoia juiz de garantias

Medida já tem aval do presidente do STF Dias Toffoli para ser sancionada
Medida já tem aval do presidente do STF Dias Toffoli para ser sancionada Folha de Pernambuco

A maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) apoia a criação do juiz de garantias, prevista na lei anticrime sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 25. Seis integrantes da Corte ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo indicaram concordar com a medida, que divide a condução e o julgamento dos processos entre dois juízes.

Prevista para entrar em vigor no dia 23 de janeiro em todo o País, a implantação do juiz de garantias já foi contestada pelo Podemos e por associações de classe, como a AMB (Magistrados Brasileiros) e Ajufe (Juízes Federais do Brasil), que recorreram ao Supremo para suspender o dispositivo. Esses grupos criticam a possibilidade de aumentar custos do Legislativo e de atrapalhar investigações em andamento.

Entre quem defende a nova regra está a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que se manifestou pela constitucionalidade da lei. Um dos principais argumentos a favor da medida é a preservação da imparcialidade dos julgamentos. Na Operação Lava Jato, alguns advogados questionaram a proximidade entre a acusação e o então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e da Segurança Pública.

Atualmente, o juiz que analisa pedidos da polícia e do Ministério Público na investigação é o mesmo que pode condenar ou absolver o réu. De acordo com a nova lei, o juiz de garantias deverá conduzir a investigação criminal e tomar medidas necessárias para o andamento do caso, como autorizar busca e apreensão e quebra de sigilo telefônico e bancário, até o momento em que a denúncia é recebida. A partir daí, outro magistrado vai ouvir o réu e as demais partes e dar sua sentença.

A discussão provocou polêmica no governo. A aprovação da lei no Congresso foi vista como uma derrota de Moro, que orientou Bolsonaro a vetar o novo dispositivo, mas não foi seguido. Como revelou o O Estado de S. Paulo, Bolsonaro recebeu aval do presidente do STF, Dias Toffoli, para sancionar a medida.

O ministro Ricardo Lewandowski, crítico do que considera excessos cometidos pelo Ministério Público em investigações, afirmou para a reportagem que "o juiz de garantias é um avanço civilizatório". Para Gilmar Mendes, também crítico da Lava Jato, o pacote anticrime e a lei de abuso de autoridade foram os "dois projetos mais importantes da década" no Judiciário.

Segundo o ministro Marco Aurélio Mello, a proposta é uma "opção política-normativa interessante". "É aguardar a experiência. Vejo com bons olhos."

O relator no STF das ações contrárias ao juiz de garantias é o ministro Luiz Fux, que assumirá o plantão de 19 a 29 de janeiro. O gabinete de Fux informou que o ministro está fora do Brasil e não se manifestaria.

Integrantes da Corte avaliam que, se Fux der uma liminar para suspender a medida, seria um "enfrentamento" a Toffoli, que criou um grupo de trabalho no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para discutir o tema e propor, até 15 de janeiro, uma norma para sua aplicação.

Na visão de Toffoli, a medida deve ser aplicada em processos futuros, sem retroagir a ações em andamento, e só valer para a primeira instância. "Já há experiências exitosas que garantem maior imparcialidade do magistrado que vai julgar a causa sem estar contaminado pela coleta das provas", afirmou Toffoli, que prevê um regime de transição de seis meses.

Em nota, o ministro Celso de Mello disse que a criação do juiz de garantias é uma "inestimável conquista da cidadania". "Além de assegurar a necessária imparcialidade do magistrado, representa a certeza de fortalecimento dos direitos e garantias fundamentais da pessoa sob investigação criminal."

O ministro Alexandre de Moraes considera uma "opção legítima" feita pelo Congresso. "Haverá, como em vários países, uma divisão de competências entre juízes, ambos serão independentes e com as garantias da magistratura", afirmou Moraes ao Estado no domingo, 29.

Procurados, os demais ministros não se posicionaram.

Um parecer do último dia 17, elaborado pela equipe de Moro e assinado em conjunto com a AGU (Advocacia-Geral da União), observa que em crimes complexos, como corrupção e lavagem de dinheiro, a investigação se desenrola por anos e se divide em fases ou operações. "Nesses casos, o juiz, durante a fase investigativa, tem fundamental importância, haja vista que acompanha todo o desenrolar da atuação policial e do Ministério Público. Ao cindir as atribuições, contudo, todo este trabalho árduo de anos seria 'perdido'", alerta o texto.

Para o presidente da Ajufe, Fernando Mendes, "a questão é saber se a maneira como a lei foi criada será considerada correta." (Colaboraram Amanda Pupo e Pepita Ortega).



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