De dor a tumor: as complicações causadas pelo dente do siso

A cirurgia é de baixo risco, cada dente leva cerca de 20 minutos para ser retirado
A cirurgia é de baixo risco, cada dente leva cerca de 20 minutos para ser retirado Freepik

Uma das principais complicações do dente do siso incluso é o surgimento de cistos e tumores, afirma o cirurgião bucomaxilofacial Daniel Falbo, coordenador da cirurgia bucomaxilofacial da ABO-SP (Associação Brasileira de Odontologia São Paulo). 

“Os dentes inclusos são aqueles que não possuem espaço para nascer e ficam dentro do osso”, explica.

O desenvolvimento de cistos e tumores ocorre por conta do saco pericoronário, que é uma espécie de capuz que envolve o dente e tem a função de estimular o seu crescimento.

Quando existe espaço para o siso nascer, esse capuz é expelido pelo corpo após a erupção do dente. “O saco pericoronário fica dentro do osso junto com o dente e por algum estímulo como inflamação ou trauma ele pode desenvolver o cisto ou tumor”, explica.

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Os cistos dentígeros costumam acontecer entre a segunda e terceira década de vida dos pacientes, ou seja, no começo do desenvolvimento do terceiro molar. “O siso costuma nascer nas mulheres aos 16 anos e nos homens aos 18, com variação de dois ou três anos para mais”, afirma.

Já os tumores odontogênicos acontecem entre a quinta e sexta década de vida. “A cirurgia nesses casos é muito mais radical. Dependendo do caso é necessário reconstruir a mandíbula com enxerto. Apesar de não serem malignos, [o cisto e o tumor] são altamente destrutivos. O paciente não vai morrer, mas pode ter graves perdas estéticas e funcionais”, afirma.

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Segundo Falbo, o dente do siso incluso também pode causar uma infecção quando tenta erupcionar mesmo sem espaço. A tentativa gera uma inflamação na gengiva e as bactérias da boca podem penetrar na região levando a uma infecção chamada pericoronarite.

“Apesar de rara, essa infecção pode levar até a morte se cair na corrente sanguínea e causar uma infecção generalizada”, explica.

Uma terceira complicação pode ser a fratura da face. Como o dente incluso causa uma cavidade no osso, essa região da mandíbula ou da maxila fica mais frágil. “Pacientes que praticam esporte de alto impacto podem ter fraturas que não teriam se não fosse o siso”, afirma. 

Cirurgia para retirada do siso

Complicações da cirurgia de retirada são raríssimas, normalmente cada dente é retirado em 20 minutos.

“O que pode acontecer é uma infecção devido às bactérias naturalmente presentes na boca, mesmo com toda a assepsia. O tratamento é feito com antibióticos”, explica.

Segundo o cirurgião, 5% dos pacientes com siso incluso possuem o nervo mandibular muito próximo ao dente.

“Essas pessoas correm o risco de perder a sensibilidade dos lábios e por isso optam por não fazer a cirurgia. Outro caso são os tabagistas, como é necessário ficar uma semana sem fumar no pós-operatório, muitos escolhem não retirar”, explica.

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As pessoas que possuem o dente incluso e optam por não fazer a cirurgia devem fazer um exame de raio-x anualmente para verificar possíveis complicações. Outras exigências do pós-operatório são restrição de atividades físicas por duas semanas e alimentação apenas com alimentos líquidos e pastosos na primeira semana.

Apesar de a recomendação ser retirar o siso quando ele está incluso, existem pessoas que não precisam passar pela cirurgia: são as que têm espaço para o dente nascer ou as que não possuem o siso.

Falbo explica que o terceiro molar costuma não ter espaço pois o tamanho da boca do ser humano diminuiu no processo evolutivo. “A nossa alimentação há alguns séculos era com alimentos muito mais duros, nós precisávamos dos 32 dentes. Conforme a alimentação mudou, o tamanho da boca diminuiu”, afirma.

Além do fator genético, o crescimento dos ossos depende da estimulação muscular. Com o passar dos anos começamos a trabalhar menos os músculos da face pois os alimentos ficaram mais moles com a industrialização. Falbo afirma que muitas pessoas não têm mais os terceiros molares, ou têm só dois ao invés de quatro.

“A teoria é que estamos no meio de um processo de evolução da morfologia, daqui um tempo não teremos mais siso”, explica.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Fernando Mellis

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