Especialista aponta cuidados para jovens fugirem da inadimplência

Mais de 8 milhões de jovens estão inadimplentes no Brasil
Mais de 8 milhões de jovens estão inadimplentes no Brasil Pexels

De acordo com um levantamento feito pelo Serasa, das 63,4 milhões de pessoas inadimplentes no Brasil — recorde da série histórica, iniciada em março de 2016 — cerca de 13% são jovens. Entre 18 e 25 anos, são 8.560.275 de brasileiros que não honraram seus compromissos financeiros em 2019.

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A estimativa é de que, dentre a população mais jovem, cerca de 31% estejam inadimplentes, o que pode ser explicado por diversos fatores. A faixa etária dos 18 a 25 anos é marcada por uma nova fase na vida do jovem, ao sair do ensino médio, entrar na faculdade e conseguir o primeiro estágio ou emprego.

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De acordo com Paloma Zorzetto, especialista em educação financeira, muitas vezes o jovem acaba se animando com a sensação de ter o próprio dinheiro pela primeira vez na vida. “O jovem brasileiro se empolga com o novo emprego, não aprende a se organizar financeiramente e é movido pela ansiedade do ter, quando na verdade ele precisa pensar primeiro na constituição do ser. Este é um processo que precisa ser construído e deveria ter sido desde a infância”, conta Paloma.

Para ela, o analfabetismo financeiro é a principal causa do endividamento entre jovens no Brasil. “Este alto grau de endividamento está diretamente ligado a falta de educação financeira desde a infância, é algo cultural. Nunca foi costume na maioria das famílias falar da importância de reter uma parte do dinheiro para a realização de algo maior, afinal ‘dinheiro é coisa de adulto’. Só que este adulto já foi criança e também foi criado nos mesmos moldes, formando um ciclo repetitivo deste modelo mental”, explica.

O estagiário e estudante de Relações Internacionais Gustavo Iasbeke, de 21 anos, é apenas um entre tantos jovens que divide o tempo entre o estudo, o trabalho e o lazer. Mas, ao contrário da realidade vivida por uma parcela considerável do Brasil, o estudante buscou aprender a se organizar financeiramente para atingir suas metas.

“Eu acho que o meu interesse de começar a buscar mais conhecimento sobre finanças partiu muito também do que eu via dentro da minha casa. Graças a Deus tive o privilégio de ter uma família em que meus pais tinham uma boa condição, muito melhor do que a realidade de muitos brasileiros. Eles sempre foram muito responsáveis com as finanças deles, no sentido de não dever ninguém e tentar não se endividar. Foi observando isso que eu comecei a ter esse ímpeto de buscar informações para eu realmente saber como eu faria isso com o meu dinheiro”, conta Iasbeke.

“É uma busca um pouco solitária no começo, justamente porque até o ensino superior a gente não encontra material educacional de qualidade, de qualidade até encontra, mas não de maneira democratizada, com uma linguagem acessível. É um tipo de conhecimento que você tem que atrás com muita energia”, comenta o estudante.

Cuidados a serem tomados

Paloma explica que alguns cuidados são importantes para se afastar da inadimplência e do endividamento. Segundo ela, é necessário fugir do assédio que bancos e instituições financeiras fazem para a aquisição de cartões de crédito, crediário, limite do cheque especial, empréstimos, etc. “Todos esses produtos podem ser o gatilho para o endividamento se não forem bem administrados”, afirma a especialista.

“O fato é que este tema nunca foi abordado com a devida importância em casa, nas escolas e universidades. Os jovens, em sua maioria, acostumaram-se a ganhar e gastar e além disso, a gastar além do que ganha, entrando na roda do endividamento e inadimplência. Para uma boa administração é preciso educar-se, fazer um diagnóstico das despesas que tem, montar um orçamento realístico e ter objetivos/sonhos bem definidos para que não caia na armadilha do imediatismo”, conta Paloma.

O principal objetivo de Iasbeke era fazer intercâmbio para conseguir dupla-graduação, em instituições de fora do país. O estudante fez dois cursos na Europa, o primeiro na Holanda, em Maastricht, e o mais recente na Suíça.
Enquanto estagiava, ele conta que separava cerca de 30% do salário que recebia por mês para fazer uma pequena poupança, já objetivando a compra de euros. “O que ia me possibilitar fazer coisas como viagens e atividades de lazer quando eu tivesse lá fora”, disse.

“Mas eu acho que assim, usando um exemplo banal, não vai ser a atitude de você salvar o dinheiro do lanche que vai te levar para Disney, por exemplo. Mas pode ter certeza que com esse tipo de hábito, se você guardar o dinheiro do lanche e for pra Disney, você vai ter dinheiro para gastar lá”, completa Iasbeke.

Saiba como economizar dinheiro em seu primeiro estágio

1- Busque estudar e conhecer maneiras de reter o dinheiro que entra, para que não se veja em uma situação em que o que ganha não é o suficiente para suprir o que gasta;

2- Não se deixe empolgar com o novo estágio. É normal que, nos primeiros meses recebendo um salário pela primeira vez na vida, o estagiário se anime com a sensação de poder gastar e comprar o que quiser, mas não se deixe levar por isso;

3- Fuja do imediatismo e da necessidade de pertencimento. Muitas vezes para se sentir incluído num grupo social, o jovem acaba comprando itens que se assemelham aos que os outros integrantes possuem, vão aos mesmos lugares com uma frequência maior do que o orçamento pode suportar e, assim, a "fatura do pertencer" fica alta demais, sem condições de quitação;

4- Se organize financeiramente. É importante fazer um diagnóstico de seus ganhos e gastos e, a partir daí, planejar onde colocar seu dinheiro de maneira eficiente, para não se ver com dívidas impossíveis de pagar;

5- Construa uma reserva financeira. Infelizmente, o mercado de trabalho é imprevisível, tudo pode acontecer, inclusive ficar sem emprego de um dia para o outro. Caso isso venha a acontecer, e é necessário que sempre se considere essa possibilidade, é importante ter um dinheiro guardado;

6- Tenha sonhos e objetivos realistas. Planeje sua vida e organize suas finanças de maneira que seja possível atingir aquilo que foi traçado como meta;

7- Fuja do assédio de bancos e instituições financeiras que oferecem a aquisição de cartões de crédito, crediário, limite do cheque especial, empréstimos, etc;

*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Vinhas



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