O planejamento de uma cirurgia de separação de gêmeos siameses é mais complexo do que o procedimento cirúrgico em si, segundo o neurocirurgião Hélio Rubens Machado, que liderou a primeira cirurgia bem-sucedida de separação de gêmeos craniópagos, separados pelo crânio, no Brasil.
Recentemente o país avançou nesse tipo de cirurgia, com dois casos de sucesso. O procedimento era então inédito na América Latina.
O primeiro foi a separação de Maria Ysadora e Maria Ysabelle, de 2 anos, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, em outubro do ano passado. O segundo foi de Mel e Lis, aos 10 meses de idade, no Hospital da Criança de Brasília José Alencar, em Brasília, em abril deste ano. Em ambos os casos, as crianças tiveram alta hospitalar em pouco mais de um mês.
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"A primeira cirurgia de separação de gêmeos siameses no Brasil relatada foi realizada há 10 anos, mas uma das crianças não sobreviveu", explica o médico.
Segundo ele, a complexidade da cirurgia está no fato de ser difícil de ser organizada. Além disso, o procedimento é extremamente raro, pois a incidência de gêmeos craniópagos, unidos pela cabeça, também é raro - 1 em 97 mil.
"A técnica já está muito bem estabelecida. Uma vez que você siga todos os protocolos que já estão estabelecidos, não se trata de cirurgia complexa", afirma.
São necessários pelo menos três meses de planejamento para preparar os gêmeos clinicamente - têm que estar com a saúde perfeita - e as etapas da cirurgia. Geralalmente são quatro etapas, ou seja, quatro procedimentos cirúrgicos até a separação completa dos crânios.
Para determinar como serão as etapas, são feitos exames de imagens sofisticados para a construção de modelos 3D dos crânios dos gêmeos ainda unidos. A partir desses modelos, os neurocirurgiões saberão onde segmentar. "Mostra qual parte do cérebro está unida e onde a cirurgia tem que ser feita", diz.
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"Quando se faz uma ressonância do cérebro, esse exame produz 700 imagens em média. Para essas crianças, sã feitas de 7 mil a 9 mil imagens, como se fossem cortes do cérebro de 1 milímetro. É necessário milímetro por milímitro para que, quando seja contruído o modelo 3D, fique perfeito", explica.
Segundo ele, engenheiros e físicos trabalham para que esses modelos fiquem perfeitos, decompondo a imagem para que, quando se construa o modelo 3D fique absolutamente fiel ao crânio dos pacientes.
O trabalho desses profissionais leva pelo menos uma semana. Os modelos tridimensionais são de acrílico, plástico ou cerâmica e cores detalham e colocam em evidência partes como cérebro, estrutura óssea, pele e vasos sanguíneos.
A equipe multidisciplinar inclui neurocirurgiões, cirurgiões plásticos, pediatras, intensivistas, fisioterapeutas e nutricionistas. "São crianças que passam muito tempo deitadas, então têm que ser um tipo de alimentação própria para que elas nao engasguem. São crianças que não saem da cama, então é preciso tomar cuidado com a pele. São esses cuidados básicos, além dos cuidados clínicos, que permitem que a criança chegue à cirurgia em boas condições", afirma.
Isso permite a prevenção de infecções e uma boa recuperação no pós-operatório. Segundo o médico, melhores condições durante o parto e após o nascimento têm pemitido a sobrevivência de gêmeos craniópagos.
Separadas, gêmeas siamesas podem se conhecer e andar de triciclo:
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