As estratégias de vida capazes de combater a ansiedade

Respiração 'primitiva' tem efeito calmante
Respiração 'primitiva' tem efeito calmante Reprodução/Instagram

A pessoa que vive a maior parte do tempo em estado de alerta, irritada, impaciente, com medo de tudo, enxergando só os aspectos negativos, pode estar imersa em um transtorno de ansiedade generalizada. 

E dá para curar a ansiedade? Segundo a psicóloga Vania Calazans, especializada no tema, a ansiedade é um condição natural do organismo, uma resposta de sobrevivência ao estresse, um estado que coloca o ser humano em alerta. Ela passa a ser considerada patológica quando traz prejuízos para a vida profissional, pessoal e social. Mas é possível aprender a identificar a ansiedade e adotar medidas concretas para atenuar os efeitos.  

No trabalho, o ansioso acumula funções
No trabalho, o ansioso acumula funções Reprodução/Instagram

—  Profissionalmente, por exemplo, a pessoa se sobrecarrega de tarefas e sempre tem a sensação de que pode mais, não coloca limites e vai acumulando funções, gerando um desgaste. É muito comum confundirem ansiedade com pró-atividade. O ganho secundário é a sensação de competência e poder. São pessoas que fazem muitas coisas o tempo todo. Mas é possível ser pró-ativo e calmo, tranquilo. Os ansiosos são também muito autocríticos, autoexigentes e autoeficazes. Toda pessoa ansiosa é muito controladora e não consegue lidar com frustração. Elas não aceitam que não deram conta. 

É preciso entender como a ansiedade funciona. Ela está relacionada aos primórdios da humanidade, quando o homem tinha de sair para caçar e a sobrevivência era um estresse. É instintivo. Aumenta a frequência cardíaca e a respiratória e há três respostas possíveis: lutar, fugir ou paralisar, que o ser humano carrega até hoje. 

Identificar a ansiedade é o primeiro passo para a cura
Identificar a ansiedade é o primeiro passo para a cura Reprodução/Instagram

— No momento em que a pessoa está ansiosa ela não consegue raciocinar, ponderar, ter lógica. Se alguém vem pedir para ficar calmo, o ansioso não está aberto a ouvir. Só vai poder ouvir quando estiver lúcido.

O ansioso começa a criar limitações para a vida, desenvolve medos de sair, de entrar no elevador, de pegar o carro. A crise de pânico é a resposta clássica a todos os sintomas, quando o cérebro está interpretando tudo como perigo muito intenso. A depressão, que é irmã da ansiedade, também pode colaborar para intensificar os episódios de crise. 

Combate diário

Para quem não está neste nível de sofrimento, que exige tratamento psicológico e medicamentoso, a respiração diafragmática é o melhor dos remédios. De acordo com Vania, ela faz o que o calmante faz, tira a ansiedade na hora pois diminui a frequência cardíaca e a respiratória.

—  Ansiedade começa no físico. Respirar pelo diafragma é muito difícil, chato, irritante para um ansioso. O cérebro quer que fique em alerta. Mas quando a pessoa aprende e faz com objetivo o resultado é imediato.

Atenção plena mantém o ansioso na realidade
Atenção plena mantém o ansioso na realidade Reprodução/Instagram

Outra dica é a atenção plena. O ansioso, explica Vania, ou está lembrando de toda a desgraça que já aconteceu ou está com medo do futuro.

— Fazer as coisas com atenção melhora esse estado ansioso. A pessoa precisa querer trabalhar sua ansiedade. Daí pra frente, é treino. É um exercício mental de atenção plena. A respiração deixa a pessoa mais tranquila e só então ela consegue raciocinar e pode enxergar a realidade. Quando aprende a gerenciar a ansiedade a sensação é de liberdade. 

Diário da ansiedade

Compartilhar a convivência com a ansiedade e as estratégias usadas para combatê-la foi a opção do produtor e curador de arte Ricardo Oliveros, que tem usado suas redes sociais para postar seu 'diário da ansiedade'.

Ricardo Oliveros compartilha suas estratégias
Ricardo Oliveros compartilha suas estratégias Reprodução/Facebook

—  A história do diário da ansiedade veio de um estudo da WGSN sobre esta novíssima geração, chamada de Z. Uma das questões que mais me impressionaram foi o uso da vulnerabilidade como forma de se comunicar na rede, algo como "ah se eu estou passando por isso, eu posso ajudar mais pessoas a entenderem que não estão sozinhas, além de compartilhar conhecimentos e saídas". Por isso, comecei a usar a #diariodaansiedade e #transtornodaansiedade (só esta última tem 44 mil publicações no Brasil).

Oliveros relata em seu diário experiências que viveu e as ferramentas que utiliza para combater o transtorno. Revela, por exemplo, que sua zona de conforto é o trabalho.

Trabalho como zona de conforto
Trabalho como zona de conforto Reprodução/Facebook

—  É no trabalho que eu encontro meu propósito, minha maneira de ver o mundo. Vejo minhas realizações e sei o quanto me ajudaram a superar um baita complexo de inferioridade. Quando tive um ataque de pânico, não voltei para casa, fui trabalhar. Quando minha mãe morreu, foi o trabalho que me ajudou a superar o luto. Meu "trabalho" hoje é entender o tanto de positivo que isso representa e o quanto tem de fuga de sentimentos complicados que preciso superar acerca de mim mesmo. E pra você, qual sua zona de conforto e qual sua a zona de conflito? #diariodaansiedade #transtornodeansiedade

Oliveros também relaciona seus posts aos hormônios 'do prazer', que ficam desestabilizados em quadros de depressão e ansiedade. Em um de seus posts, explica o poder do abraço. 

— Muitas vezes referida como o hormônio do afago, uma maneira simples de manter a oxitocina fluindo é dar um abraço em alguém. Sou muito resistente a abraçar. Só que segundo estudos, abraçar 8 pessoas por dia melhora o sistema imunológico... Ai ai ai... #diariodaansiedade #transtornodeansiedade

O poder do abraço contra as crises
O poder do abraço contra as crises Reprodução/Facebook

Uma estratégia eficiente na batalha contra a ansiedade, ensina a psicóloga Vânia, é fazer uma lista do que está preocupando e do que pode resolver afetivamente, aquilo que não pode resolver e como é possível lidar. Segundo a especialista, o medo é muito maior na cabeça do que na realidade. Colocar no papel é uma forma de redimensionar. As soluções existem, mas às vezes não são as que a pessoa gostaria.

Oliveros, em seu diário, também fala sobre metas, desejos e a onda de prazer gerada quando são atingidos.

— Procrastinação, autodúvida e falta de entusiasmo estão ligadas à falta de dopamina. Uma boa ideia é dividir grandes objetivos. Criar uma série de pequenas linhas de chegada, para liberar dopamina. Eu tenho uma meta de caminhar 20 minutos por dia. Quando consigo, como hoje, celebro!!! #diariodaansiedade #transtornodeansiedade

Metas alcançadas geram onda de prazer e combatem o transtorno
Metas alcançadas geram onda de prazer e combatem o transtorno Reprodução/Facebook

 



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