Gabriel de Sousa
De acordo com dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), as revendas de veículos seminovos tiveram um grande crescimento em comparação ao ano passado, evidenciando uma preferência do consumidor brasiliense por este tipo de compra. Em 2020, 103.136 veículos seminovos foram comprados, segundo o órgão. Já neste ano, 122.236 veículos já foram adquiridos por motoristas da capital federal, representando um crescimento de 46,2% em comparação ao ano anterior.
Cerca de 19 mil veículos seminovos foram vendidos pelos donos de revendas de automóveis do Distrito Federal em agosto deste ano, no mesmo mês em 2020, foram vendidos 15 mil veículos. A taxa positiva deste mercado aparece em um momento em que os carros novos estão sendo menos procurados pelos consumidores, devido ao alto preço e a falta de exemplares nas concessionárias de grande porte.
De acordo com José Rodrigues Neto, presidente da AgenciAuto, uma associação que reúne os lojistas de vendas de automóveis seminovos e usados da Cidade do Automóvel, o momento atual é o melhor para comprar um usado com pouca idade de fabricação, mesmo com os preços elevados, que segundo José é motivado pela grande procura dos compradores. “Com a falta dos veículos novos, a tendência é que os veículos seminovos apareçam mais. Eu recomendo que o consumidor corra para comprar agora, porque não terá mais seminovo para comprar daqui a um tempo”, observa.
Segundo Matías Fernandéz Barrío, fundador da Karvi, uma empresa que conecta concessionárias e compradores de automóveis, a venda de veículos novos diminuiu devido à falta de estoque de unidades devido à pandemia de covid-19. Matias explica que o efeito pandêmico não foi imediato, e que começou a ser sentido no final do ano de 2020. “O que aconteceu foi que os clientes que queriam carros novos e que encaravam a falta de estoque nas concessionárias, começaram a passar para os carros seminovos”, conta.
Fernandéz observa que o evento foi único no mercado de vendas, já que as indústrias automotivas tiveram que racionar a sua produção devido à expansão do vírus global. “É muito interessante o que está acontecendo no mercado nos últimos 18 meses, porque a partir do início da pandemia, as concessionárias que tinham um estoque normal, começaram a ficar sem depois do fechamento das fábricas”, explica o fundador da Karvi.
Segundo dados disponibilizados pela empresa, em 2020, 2,7 milhões de carros novos foram vendidos no Brasil. O número até o final de setembro é de 2 milhões. Segundo Matías, se houvessem mais exemplares disponíveis para a compra, os montantes seriam maiores.
Um dos principais exemplos é visto nas vendas do Chevrolet Onix, um dos hatchs populares que estão mais presentes nas ruas brasileiras. Em 2020, o modelo era o número um dos carros novos mais vendidos. Em 2021, o modelo se encontra na 49º posição, devido à falta de exemplares nas concessionárias. “Por exemplo, um consumidor de um Chevrolet Onix não conseguiria comprar um modelo novo. Então, esse cliente que gostaria de comprar um Onix novo decide comprar um seminovo com menos de 10 mil quilômetros rodados”, observa Fernandez Barrío.
Matías diz que agora os alvos da maioria são veículos que possuem até três anos de idade e uma quilometragem de até dez mil quilômetros rodados. Com a alta demanda, consequentemente, veio a subida nos preços. O executivo conta que antes da pandemia, o preço médio do carro seminovo vendido no Brasil era de R$ 48.000. Em setembro de 2021, o custo em média do brasileiro é de R$ 64.000, o que representa um aumento de 33,33% nos valores.
Vendas virtuais crescem na pandemia
Um dos novos métodos mais utilizados durante a pandemia de covid-19, é a da aquisição on-line de veículos seminovos e usados. Impossibilitados de irem até uma concessionária devido às medidas de restrição, os consumidores preferiram realizar todos os processos da compra dentro das suas residências, saindo apenas na hora de buscar o carro novo.
Uma delas foi a professora de geografia Kamila Teixeira, de 32 anos, que comprou o seu primeiro carro, um Fiat Argo 2017, em um site de revendas na internet. Segundo ela, um dos principais motivos para o investimento foi a sua segurança frente ao coronavírus. “Eu não queria ficar andando de ônibus para a escola particular que eu trabalho, com medo de levar o vírus para todo mundo, então, eu fiz um planejamento e consegui dar uma entrada e começar o financiamento do meu veículo”, conta.
Kamila diz que mesmo tendo uma boa estabilidade financeira, sente que o mercado de carros novos não beneficia as pessoas da sua renda: Não foi feito pra gente, só para empresas. Não vale a pena gastar R$ 70 mil em um carro desse ano, enquanto o do ano retrasado vale R$ 40 mil.”
Um dos empresários que aderiu à nova forma de comércio foi Gustavo Costa, dono da Virtual Automóveis, uma loja de vendas virtuais de veículos seminovos com sede em Samambaia. Segundo Gustavo, usar a internet como modelo de trabalho é mais atrativo por ter um menor número de lojas competidoras no mercado. “O nosso intuito foi sair um pouco da muvuca dos outros setores de lojas. O cliente vem aqui e só não fecha a compra se nós não quisermos, porque não há uma loja vizinha de concorrência”, explica.
A sua loja foi inaugurada em março de 2020, no início da pandemia de covid-19. Apesar de ter criado o empreendimento na pandemia, Gustavo diz que não vêm tendo prejuízos, alavancando um bom rendimento desde o surgimento da iniciativa. “O mercado ainda está nos favorecendo, e é muito bom poder falar isso”.
Um dos motivos para a Virtual Automóveis sair no lucro, é a pouca quantidade de funcionários, que é possibilitado com a metodologia on-line da empresa.“A gente diminui bastante o custo, você vai em uma loja que possui o espaço físico com vinte vendedores, e nós com apenas quatro conseguimos vender o mesmo tanto que eles”, conta Gustavo.
Carros seminovos mais vendidos em Brasília
Segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), os populares “queridinhos” dos brasileiros assumem a ponta dos carros seminovos mais vendidos do país.
Em um ranking disponibilizado pelo órgão ao Jornal de Brasília, o Volkswagen Gol liderou os números de vendas de agosto deste ano, seguido pelo Fiat Palio e o Fiat Uno. O hatch da Hyundai, o HB20 está em quarto, e o Ford Ka está em quinto. Somado, os cinco modelos representam 21,20% das vendas de seminovos do Distrito Federal em 2021. Na classificação realizada em agosto de 2020, o sedã da Honda, o Civic, estava na quarta posição, porém, neste ano, o Civic está na sexta posição, caindo 0,53% em vendas.
Também são mais preferidos pelos consumidores do DF o Fiat Siena, Renault Sandero, Ford Fiesta e o Toyota Corolla. Os veículos leves representam 81,04% do mercado de revendas de seminovos. Já as motos fazem parte do 8,23% deste mercado.
O post Compra de carros seminovos vira solução dos brasilienses na pandemia apareceu primeiro em Jornal de Brasília.
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