Apesar de pandemia, contratação de temporários quase dobra em 2020

Dados foram enviados pela Assertem
Dados foram enviados pela Assertem Lidianne Andrade/MyPhoto Press/Folhapress - 29.10.2020

Mesmo com os impactos negativos da pandemia na economia, o número de contratações de trabalhadores temporários no Brasil em 2020 foi 46% maior do que em 2019, segundo dados obtidos pelo R7 junto à Assertem (Associação Brasileira do Trabalho Temporário).

De janeiro a setembro de 2020, foram contratadas 1.531.620 pessoas, frente a 1.049.082 admissões no mesmo período do ano anterior.

A Assertem projeta que, até o final do ano, o crescimento será de 28% frente a 2019, já que espera 1.900.783 contratações até dezembro deste ano. O presidente da associação, Marcos de Abreu, afirma que 2020 começou com índices bem altos de emprego de janeiro a março, principalmente por causa do verão e do agronegócio.

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Em abril e maio, o setor sentiu uma quebra de expectativa com a chegada da pandemia, mas conseguiu manter as contratações próximas ao mesmo período do ano anterior. Os motivos foram a alta nas vagas nas áreas farmacêuticas, o aumento na compra de medicamentos e a construção dos hospitais de campanha.

Para ele, essa modalidade de contratação se encaixou bem à imprevisibilidade do futuro e à emergência causadas pela pandemia de covid-19. “Não aconteceu só no Brasil, o trabalho temporário cresceu em outros lugares do mundo. Mas ainda tem muita coisa para crescer”, explica Abreu.

A partir de junho, o trabalho temporário começou a subir novamente e, até setembro, teve resultados mensais mais altos do que em 2019 — veja os dados no gráfico abaixo. Segundo a Assertem, agosto de 2020 registrou o melhor patamar de contratações da série histórica, iniciada há 10 anos.

O professor dos MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas) Mauro Rochlin afirma que a melhoria na legislação para o trabalho temporário é um dos itens que pode ter influenciado o aumento das vagas em 2020. Além disso, fala sobre o possível impacto do auxílio emergencial e da MP do Emprego.

“O auxílio emergencial, nos últimos três, quatro meses, tem um efeito muito importante sobre o varejo. Ainda que a gente tenha tido um fechamento grande de vagas de trabalho, o auxílio é pago para 60 milhões de pessoas. A gente começou a ver alguns setores respondem a um estímulo de demanda”, afirma Rochlin.

Segundo ele, alguns setores que mostraram reação mais forte foram o de materiais de construção e de eletrodomésticos. A demanda reprimida também é outro fator que deve ser levado em consideração para o varejo e, consequentemente, para a geração de vagas temporárias.

Perspectivas futuras

Apesar de novembro e dezembro serem meses com alto número de contratações, devido à Black Friday e ao Natal, o patamar neste ano deve ser um pouco inferior ao ano passado.

“Nós estamos achando, pelo andar de outubro, que a indústria está alongando o trabalho temporário. Em anos anteriores, ela só contratava para três meses. Novembro e dezembro são as contratações do comércio. Só que esse ano, nós temos uma alteração drástica na comercialização, porque se moveu muito para a área do e-commerce”, afirma Abreu.

O volume de vendas não deve cair nos dois últimos meses do ano, mas o de contratações temporárias deve manter um número próximo ao de 2019. A expectativa para o último trimestre do ano é de abertura de 400 mil vagas.

Novembro e dezembro são meses em que, tradicionalmente, o varejo contrata temporários para suprir as demandas das festas de final de ano.

“Sem dúvida nenhuma, vamos ver um movimento sazonal que vemos todos os anos. A indústria começa, desde setembro, a abastecer o comércio, para suprir as demandas de Natal. A partir de novembro, o varejo também vai fazer isso, para atender a demanda de final de ano”, diz Rochlin. Apesar da sazonalidade ser uma certeza, há dúvidas sobre a robustez deste movimento.

Abreu diz que a Assertem considera que o primeiro trimestre de 2021 terá alto número de contratações temporárias. “Por causa do verão, porque o povo está ansioso para poder sair. O verão promete ser bom esse ano, e também tem a supersafra agrícola”, afirma Abreu.

Para o Rochlin, o ano que vem deixa dúvidas já que, em tese, o auxílio emergencial e a MP do Emprego deixam de valer em dezembro deste ano. “As dúvidas se localizam logo depois do final do ano. [Para 2020,] estamos falando de um momento que a demanda é mais forte”, afirma.

 

 

Arte/R7

 

 

 

 

 

 

 



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