Covid-19: crianças são infectadas na mesma proporção que adultos 

Crianças geralmente apresentam quadros mais leves da infecção respiratória
Crianças geralmente apresentam quadros mais leves da infecção respiratória Pixabay

A primeira pesquisa nacional sobre o avanço da covid-19 no Brasil identificou que crianças e adolescentes são infectados pelo novo coronavírus na mesma proporção que os adultos. Os resultados foram apresentados pelo professor da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e coordenador geral da pesquisa, Pedro Hallal, nesta quinta-feira (2), no Palácio do Planalto, em Brasília. A iniciativa contou com investimento de R$ 12 milhões do Ministério da Saúde. 

O coordenador do levantamento ressaltou, no entanto, que embora a contaminação seja proporcionalmente a mesma, as chances de evolução para quadros mais graves da doença são menores. "Talvez aí uma das conclusões mais surpreendentes dessa pesquisa seja que crianças e adolescentes pegam esse vírus na mesma proporção que adulto. Claro que o quadro clínico é muito menos grave, felizmente", explica Pedro Hallal. 

Mais de 8 milhões tiveram contato com o vírus

O estudo, que foi realizado em três fases, teve por objetivo “estimar a proporção de pessoas com anticorpos para a covid-19 e analisar a evolução de casos na população brasileira, por meio de uma amostragem de participantes em 133 cidades sentinelas —que são os maiores municípios das divisões demográficas do País”.

A pesquisa concluiu que o total de pessoas que tiveram contato com o vírus pode ser até sete vezes maior que o acumulado divulgado pelo Ministério da Saúde. Se multiplicado o contingente de 1.496.852, informado hoje pela pasta, por seis, o Brasil teria quase 9 milhões de pessoas infectadas. 

"Nós sempre tomamos o cuidado de não chamar isso de subnotificação. Não há motivo algum para imaginar que o sistema de vigilância deveria captar uma pessoa que teve exposição ao vírus, produziu anticorpos sem nenhum sintoma. O estudo foi muito consistente ao longo das três fases. Sempre ficou ao redor de seis ou sete vezes", ressaltou.

91% dos infectados apresentam sintomas

Os pesquisadores também buscaram identificar o percentual de infectados sem sintomas ou subnotificados pelo sistema público de saúde. Entre as 89.397 pessoas testadas, 91% dos infectados pelo novo coronavírus apresentam algum sintoma da doença, enquanto apenas 9% são assintomáticos.

"Não queremos dizer que 91% das pessoas com covid-19 vão precisar de atendimento hospitalar, mas que os sintomas aparecem, e isso é uma boa notícia para detectar esses pacientes e impedir o avanço da doença", completou. 

Os sintomas mais frequentes foram: alteração no olfato/paladar (62,9%); dor de cabeça (62,2%); febre (56,2%); tosse (53,1%) e dor no corpo (52,3%).

 

 

Covid-19 afeta mais os pobres
Pessoas de baixa renda estão mais expostas ao novo coronavírus
Pessoas de baixa renda estão mais expostas ao novo coronavírus Reprodução Agência Brasil

 

 

 

As desigualdades sociais também impactam os mais pobres durante a pandemia. Segundo a Universidade Federal de Pelotas, pessoas de baixa renda tem o dobro de chances de ficarem doentes. O indicador foi observado de forma "consistentes" ao longo das três fases do estudo. 

"Se a gente pegar o dado, de praticamente qualquer uma das fases, os 20% mais pobres da população tem o dobro da infecção que os 20% mais ricos da população", diz o coordenador do levantamento. 

As aglomerações impostas pelo uso do transporte público e o compartilhamento de cômodos são apontados pelo pesquisador como possíveis explicações para o resultado. "Uma grande explicação que pode ser dada é a questão da aglomeração, da quantidade de cômodos, quantidade de moradores, que são questões da pesquisa que nós vamos explorar ao longo das próximas semanas e meses." 

A pesquisa

De acordo com o governo federal, os dados obtidos pelo estudo poderão auxiliar os gestores locais na criação de “estratégias de abrandamento” das medidas de isolamento social em diversos estados e municípios. 

Nos três inquéritos populacionais, que foram realizados a cada duas semanas, equipes do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) realizaram visitas domiciliares e testaram 89.397 pessoas em todas as regiões do Brasil. O método, no entanto, enfrentou problemas ao longo da execução por conta da resistência de gestores locais. 

Segundo a UFPel, já no início da primeira etapa, em quase 40 cidades os agentes foram impedidos de trabalhar porque aguardavam a autorização das prefeituras “num processo burocrático que pode causar prejuízo aos cofres públicos”. Em alguns casos, de acordo com a universidade, eles foram detidos e, por isso, a primeira etapa contou com a participação de apenas 90 municípios. 



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