Mortes por pisoteamento e espancamento são parecidas

Moradores de Paraisópolis gravaram videos da ação violenta da polícia militar
Moradores de Paraisópolis gravaram videos da ação violenta da polícia militar Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

Mortes por pisoteamento — como a Polícia Militar de São Paulo alega ter acontecido com nove jovens durante um tumulto em um baile funk em Paraísópolis no domingo (1º) — são parecidas com casos de espancamento, segundo médicos ouvidos pelo R7. Moradores denunciaram agressões praticadas por policiais na operação, que também deixou 12 feridos. 

Nos dois casos, a causa da morte, normalmente, está relacionada a lesões repetidas na cabeça, abdômen e tórax, levando a um sangramento intenso, explica o cirurgião de emergência André Baitello, presidente da regional de São Paulo da Abramurgem (Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência).

Baitello afirma que, além disso, a pessoa pode ter uma única lesão mais séria no tórax e na cabeça, como um pneumotórax, quando a costela fratura e causa uma perfuração do pulmão. Isso faz com que o ar fique entre o órgão e a caixa torácica, causando insuficiência respiratória.

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No caso de lesões na cabeça a pessoa pode ter um hematoma, que é a formação de um coágulo, no cérebro.

“Pode atingir as veias e artérias do cérebro e aumentar muito a pressão dentro do órgão”, afirma.

O ortopedista e traumatologista do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo, Pablo Luiz Batistão acrescenta que em muitos casos "tanto o espancado como a pessoa que sofreu o pisoteamento perdem os reflexos".

"A pessoa perde aquela capacidade de se defender, de escapar, empurrar quem está vindo para cima. [...] Nas lesões por esmagamento, por pisoteamento, muitas vezes a gravidade delas não é aparente. Um pisão abdominal, você olha por fora e não vê um possível rompimento de vísceras."

Batistão afirma que além das lesões internas, há risco de lesões nos braços, pernas e no pescoço.

"Você tem as lesões da parte ortopédica, muitas vezes lesões vasculares, rompimento de artérias e veias que promovem um sangramento na hora, uma hemorragia muito grande e externa, porque lacera a pele e atinge vasos. São lesões perigosas."

André Baitello afirma ainda que a morte por pisoteamento normalmente não é imediata. “Diferente da morte em um acidente de carro, que a pessoa morre na hora. Ela pode ficar inconsciente e não vai conseguir se proteger, o que deixa o corpo mais exposto”, explica.

Segundo Baitello é importante que o socorro seja prestado na primeira hora após o acidente. É a chamada "hora de ouro", crucial para que as lesões possam ser tratadas adequadamente. Não se sabe até agora quanto tempo demorou o atendimento das vítimas do baile funk.

Em situações como essa, o cirurgião indica, que a pessoa fique de lado e em posição fetal, procurando proteger a cabeça e os órgãos do tronco. 

Batistão afirma que o essencial é estar atento para "identificar a situação de catástrofe eminente". 

As polícias Militar e Civil de São Paulo investigam a operação em Paraisópolis. Os laudos necroscópicos das vítimas vão indicar as possíveis causas das mortes. 

O médico do HCor, que já trabalhou como legista, diz que o exame necroscópico ou de corpo de delito (nos sobreviventes) pode muitas vezes ajudar na identificação ou na sugestão do instrumento agressor.

Entretanto, ressalta que nem sempre é possível fazer a diferenciação entre agressão ou pisoteamento nesse tipo de exame. 

*Estagiária do R7 sob supervisão de Fernando Mellis.

Assista imagens gravadas pelos moradores durante confusão em Paraisópolis:

 



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