Denunciada na Operação Câmbio Desligo por lavagem de dinheiro, a doleira Patrícia Matalon ficou 4 horas em poder de assaltantes que invadiram a mansão da família, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, e levaram dinheiro e joias.
Patrícia chamou a polícia, mas acabou presa, porque tinha um mandado de prisão, expedido pela 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, contra ela.
Na investigação da Lava Jato, ela é apontada como uma das parceiras do "doleiro dos doleiros" — Dario Messer, preso nesta semana em um apartamento de luxo nos Jardins em São Paulo, depois de ficar pouco mais de um ano foragido.
O assalto na casa de Patrícia aconteceu no dia 25 de julho. Segundo a PM, os bandidos tocaram a campainha da casa, dizendo que eram policiais civis e que teriam ao local para efetuar a prisão da doleira. Prontamente, ela abriu a porta com um documento contra mandado de prisão, mas foi rendida por 2 assaltantes. Os primeiros bandidos abriram a casa para outros 2 e a quadrilha praticou o roubo tranquilamente.
Depois que os assaltantes deixaram o local com os pertences, a Polícia Militar foi acionada. Os policiais chegaram à casa e já sabiam que a dona era procurada pela justiça, mas acreditavam que ela não estaria ali. A PM foi recebida pela filha de Patricia e se surpreendeu quando pediu documento de todos e a acusada forneceu o RG. Um sargento deu voz de prisão a Patrícia, que apresentou o contra mandado de prisão.
A doleira foi levada ao 14º Distrito Policial. Por e-mail, o delegado de plantão recebeu a informação da 7ª Vara Criminal Federal, do Rio de Janeiro, que ela deveria ser presa. Ela foi levada para a carceragem da Polícia Federal, na Lapa.
Patrícia Matalon é de uma família tradicional que atua no mercado de câmbio paralelo desde a década de 1990, em São Paulo. Familiares da doleira já foram investigados em casos conhecidos, como as operações Sathiagraha, em 2008, além da do Banestado, em 2003.
Habeas Corpus
Patricia teve a prisão inicialmente decretada pela Justiça em junho de 2018. Ela chegou a ficar foragida, mas, mesmo sem ser detida, conseguiu um Habeas Corpus, no dia 24 de dezembro.
Porém para não ficar presa, ela deveria apresentar à Justiça um bem de R$ 10 milhões como garantia para o pagamento de multa em possível condenação.
A defesa garante que, desde o início do processo, Patrícia disponibilizou um apartamento, mas a Justiça não avaliou o imóvel. Por isso o juiz federal Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio de Janeiro, decretou a prisão da acusada. Então, ela passou a ser considerada foragida.
A doleira passou pouco mais de 24 horas atrás das grades. Na manhã do dia seguinte, a Justiça aceitou como garantia um apartamento da família, no Jardim América, avaliado quase R$ 14 milhões.
Para o advogado Augusto de Arruda Botelho, a revogação do habeas corpus foi apenas um erro: "Uma interpretação equivocada do juiz de primeira instância fez com que minha cliente ficasse presa por mais de 24 horas na sede da Polícia Federal em São Paulo. Esse erro coroou o trabalho que já havia pedido desnecessariamente a prisão de minha cliente desde o início do processo", afirmou.
Após esse vai-e-vem, Patricia está em liberdade e aguarda o julgamento em casa.
Uruguai
O Ministério Público Federal estima que a Família Matalon movimentou cerca de R$ 100 milhões desde a década de 1990.
Na denúncia da Operação Câmbio Desligo, os procuradores sustentam que as atividades da família de Patrícia Matalon foram transferidas para o Uruguai. Nesse período, teriam iniciado uma parceria com o “Doleiro dos Doleiros”, Dario Messer, preso essa semana em São Paulo.
No passado, Patricia Matalon já havia feito um acordo de delação premiada com a Justiça, no caso Banestado, mas, segundo o MPF, continuou atuando no ramo de ilegal de compra e venda de dólares.
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